Queria que a noite fosse só minha…
Estou sentada sob o escuro da noite,
Pois hoje o meu desejo era ouvir a natureza
E as respostas da minha alma.
Mas do dia que a luz levou ainda restam barulhos
Que não pertencem à noite.
Um ou outro carro apressado, de certo em direcção ao lar
E vozes e risos vindos das varandas e pátios vizinhos.
Não somos muito diferentes dos pássaros na hora de recolher.
Eles estonteiam em voos acrobáticos entre protestos e
chilreios,
Como crianças que contestam a hora de deitar.
Oiço pratos, talheres, churrascos e conversas,
Concluo que são também de correria
desenfreada
As horas que antecedem o descanso das famílias.
Só quando o tempo passa e a noite avança,
Obtenho finalmente o desejado silêncio.
O mundo deveria ter institucionalizado
A hora do homem Igual à hora dos pássaros.
Gosto de ver chegar as noites de Verão,
Todos deveríamos saber recebe-las calmamente sentados,
Assistindo ao dia majestosamente a fazer a sua troca de
vestes.
A noite chega elegantemente vestida de negro,
Salpicada de estrelas como lantejoulas
Meticulosamente colocadas a adornarem-na de mais beleza.
Da serra sopra esta aragem gostosa, que ameniza a pele quente,
De uma tarde melada-mente entregue ao sol.
Estou egoísta hoje e completamente rendida à noite,
Queria que todos os homens se calassem
E a noite fosse só minha,
Pois sinto que por mim se vestiu e por mim veio.
Queria ser envolvida pelo silêncio da noite,
Sentir o conforto de relaxar em seus braços
E com ele serenamente me deitar…
(O mundo deveria ter institucionalizado
A hora do homem Igual à hora dos pássaros).
Benvinda
Neves
Julho
2013
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