Protesto...
Hoje o céu
está cinzento, muito escuro, cor de chumbo,
É fim de
tarde e adivinha-se temporal para a noite.
As gaivotas
abandonaram as praias,
Vejo-as em
bandos dispersos,
Que imagino serem grupos familiares.
Pairam lá em
cima, não muito longe,
Tentando
equilibrar-se no vento.
Costumo
querer dançar como as gaivotas,
Mas hoje,
com este soprar tão forte,
Elas
parecem-me marionetas,
Manipuladas por mãos loucas.
Dançam
descoordenadas, quase sem sair do mesmo sítio.
Algumas
vezes parecem cair de repente,
Como se um
fio as largasse e as puxasse de novo,
Quando quase
atingem o solo.
Não gosto de
ver as gaivotas manietadas,
Amarradas à vontade alheia.
Não fora
isso, abandonaria também a praia,
Para me
juntar no seu protesto,
Numa dança
frenética para que volte o sol.
O tempo contagia-me a alma...
Deprimem-me os
dias tristemente escuros,
Em que o mundo parece chorar.
Nunca gostei de lágrimas...
Nunca gostei de lágrimas...
Benvinda Neves
Outubro 2013
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