“Diz-me como comes…dir-te-ei quem és…”
Uma das melhores formas de transformarmos em
prazer mútuo os momentos que passamos juntos, é sentarmo-nos à mesma mesa e
entre conversas sérias ou tolas, risos e gargalhadas, confortarmos o físico,
enquanto se trata de igual forma o espírito – sim porque estas “cavaqueiras” servem
para nos conhecermos melhor, ao mesmo tempo que são terapia, pela fuga ao stresse
do dia-a-dia.
Adoro um bom convívio ao redor de uma mesa, bem
cheia de amigos e petiscos – de preferência em casa.
Uma vez li um artigo muito curioso que
defendia a teoria que à mesa uma mulher descobre como se comporta um homem na
intimidade. Na altura ri-me do artigo que achei disparatado e um pouco “feminista”
– mas devo dizer que após uns vinte e poucos anos de observação, conclui que
não era assim tão descabido.
Mas indubitavelmente, depois dessa celebre
leitura, dei comigo muitas vezes a observar o comportamento do ser humano à
mesa – inclusive o meu.
Como mulher que sou, resolvi partilhar este
meu “novo conhecimento” com um grupo restrito de amigas de trabalho (as
mulheres são terríveis nestas coisas), precisamente num almoço de Departamento,
em que o restaurante estava todo por nossa conta e que os pratos, pelo número
de pessoas que éramos tardaram imenso a chegar.
Não posso relatar aqui as conclusões a que
chegaram as seis línguas afiadas que relataram o que os doze olhos atentamente
observaram – pois faria corar de pudor qualquer pedra da calçada.
Mas desde a criatura cujo prato evapora assim
que cai na mesa, aquela que é um sacrifício enorme ter que comer, ao que se
esquece que estava a comer, ao que come e saboreia, ao que só petisca, etc.,
tudo foi minuciosamente reportado e analisado.
Posso garantir que não escapou à observação
nenhum homem naquela sala, pois se uma “mulher observa muito bem, seis mulheres
despem até à alma”.
Foi realmente um almoço dos mais divertidos,
sobretudo quando um dos chefes “visado” nos perguntou lá do fundo da mesa de
que riamos tanto…claro que a resposta foi um coro de gargalhadas até às
lágrimas e seis caras afogueada, como se ele tivesse ouvido a conversa.
Não adivinham muitas vezes os homens o “quão
femininas” podem ser as nossas conversas – mesmo nas barbas deles.
Mas não me resta dúvida alguma que à mesa,
talvez porque “servimos” um dos nossos instintos primários, se demonstra o
temperamento e o comportamento de qualquer ser, homem ou mulher - não
descrimino, ao contrário do artigo.
Os cavalheiros podem comer descansados, porque
nem sempre que nos sentamos à mesa nos lembramos do “artigo” e ficamos a
analisar.
Confesso que a razão é sempre pelo grande prazer de comer em boa companhia, mas por via das dúvidas, quando
virem todos os olhos femininos colados num de vós, pensem que poderá ser ou não - por ser “o homem mais interessante ali presente… “
Benvinda Neves
Outubro 2013
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