Gosto muito de arte, embora não seja entendida em nenhuma.
A primeira vez que ouvi falar sobre Frida Kahlo,
foi no Verão de 2005, numa reportagem que passou na TV.
As lágrimas rolaram-me pela face,
porque entendi tão bem o seu sofrimento.
Tal como Frida, eu tinha tido nesse ano
um acidente de autocarro,
do qual resultaram múltiplas fracturas na coluna.
Tinha uma peça metálica solta nas costas
(que só ano e meio depois foi detectada),
que me provocava dores insuportáveis,
que me impediam de andar ou me sentir bem
em qualquer posição.
A semana passada no Cascais-Shoping,
lá estavam expostas algumas gravuras das obras
da artista Mexicana Frida Kahlo
e o tão explicito auto-retrato "a coluna partida".
Parece-me sempre uma metralhadora,
que suporta um rosto de sofrimento.
Tão real - transcreve o dia a dia de quem vive com dor cronica.
Se a gente deixar, aquela "dorzinha tortuosa"
passa a ser a parte mais importante do nosso dia.
Aprendemos a "formatar" a nossa personalidade
e com o tempo a aumentar a tolerância à dor.
Damos connosco tantas vezes a pensar
"isto hoje está mauzinho, mas nada de desanimar,
porque já estive bem pior."
Viver - faz parte do nosso instinto,
mas mais que isso,
é a concentração de todos os nossos sentimentos.
Nunca deixarei esquecido
nenhum sentimento essencial ao
sentir-me VIVA.
Faço questão de no meu
"Auto-retrato"...
não deixar a imagem
dos meus dias mais sofridos.
Que um dia todos me lembrem
com o meu melhor sorriso - de preferência
a minha sonora gargalhada.
Viver não é fácil - e sem duvida
que para uns é mais dificil que para outros.
Diz-me a experiência
que normalmente quem mais se queixa,
são precisamente aqueles
para quem a vida é mais branda...
Benvinda Neves
(imagem da NET - não sou apreciadora das pinturas da Frida Kahlo,
embora seja através delas que chego ao seu sofrimento).
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