(com alguns dos muitos companheiro de brincadeiras - amigos SOS de infância)
Hoje a minha Aldeia SOS de Bicesse, fez 50 Anos - e tive o prazer de ter sido convidada a sentar-me na mesa de honra e falar em nome dos ex-utentes.
Fui das primeiras residentes, há precisamente 50 anos - inaugurámos a Aldeia.
Parabéns à Aldeia de Crianças SOS de Bicesse:
Amor e um Lar
para cada criança…
É o princípio
fundamental das Aldeias SOS.
Não se apaga o passado – vive-se com ele, ainda que toda
a nossa vida mude.
Cada criança que chega à Aldeia trás a sua história e
essa história é composta de múltiplos sentimentos. Todos, por uma razão ou por
outra, vivemos demasiado cedo o drama da separação. Sentimos o desmoronar do
nosso mundo, tivemos insegurança, medo perante o desconhecido e saudade dos que
amávamos e a vida nos separou.
A Aldeia acolheu-nos, deu-nos casa, segurança, educação, uma
mãe, irmãos – uma nova família.
Das melhores coisas da nossa infância SOS – foi o
privilégio de ao abrirmos a porta de casa termos dezenas de parceiros para
partilhar brincadeiras.
É um grande prazer recordá-lo.
É um grande prazer recordá-lo.
Não me lembro que alguma vez tivesse sido importante para
algum de nós a razão do outro também aqui morar – aceitávamo-nos simplesmente e
era sempre motivo de alegria chegar à Aldeia um “menino novo”.
Este é um grande
dom que só as crianças possuem – “amam” sem interrogações.
A infância não é um período que passou e deixámos de
pensar nele.
Pelo contrário,
molda-nos e acompanha-nos ao longo da vida. Todos somos resultado da vivência (do
antes SOS, do depois) e da educação que recebemos.
Do conjunto e da nossa personalidade resulta a forma como conseguimos aceitar e ultrapassar adversidades ou como celebramos vitórias.
Do conjunto e da nossa personalidade resulta a forma como conseguimos aceitar e ultrapassar adversidades ou como celebramos vitórias.
Hoje as Aldeias além de serem amor e um lar para cada
criança – têm caminhado também no sentido de que as crianças que por cá passam tenham as mesmas oportunidades que todas
as outras crianças.
Essa é a mudança que considero mais importante das que
aconteceram ao longo da vida da Associação. A Aldeia acolhia crianças,
dava-lhes a escolaridade obrigatória e cuidava delas até à maioridade. Os
jovens no exterior além do apoio das famílias tinham melhor formação e mais
oportunidades que os jovens SOS.
A preocupação com
o enquadramento social dos jovens é o processo natural de uma família
E nós somos uma família – por isso, só assim faz sentido.
Hoje celebramos os 50 anos da primeira Aldeia SOS em
Portugal, a de Bicesse.
Sublinho de uma
forma especial os dois marcos que diferenciam as Aldeias de outras
instituições. Aqui não se separam os irmãos e temos Mães SOS como cuidadoras.
São as mães SOS que dão colo, educação e também as que
directamente sentem as angústias e a revolta dos filhos que recebem. São elas
que no dia-a-dia saram as feridas da alma com amor.
A provar que quem “oferece
amor a uma criança, entra no seu coração para sempre” – estão as visitas
constantes dos muitos ex-residentes às suas mães SOS e também o facto de ano
após ano sentirmos o grande prazer de vir aqui celebrar novo aniversário.
Parabéns à nossa Aldeia de Bicesse, com a minha profunda gratidão
às tias fundadoras, que trouxeram para Portugal esta grande instituição.
Gratidão às mães, aos colaboradores, aos
sócios, aos amigos e a todos quantos contribuem para que este continue a ser o
LAR de todas as crianças que necessitem.
Benvinda Neves
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