Um dia diferente…
Hoje o meu dia foi passado entre o campo e o mar.
Estamos quase no final do Outono, apenas quinze dias nos
separam do Inverno, mas temos sido abençoados por dias lindos, especialmente
luminosos, com céus maravilhosamente azuis.
Somos privilegiados por viver num pais de clima ameno e
paisagens belíssimas, que nos contagiam de boa disposição.
Os campos estão “penteados” em carreiros mais ou menos
“carecas”, consoante o que neles foi semeado. Em alguns despontam rebentos que
brotam heroicamente da terra que gela durante a noite e se mostram vitoriosos ao
lindo e ameno sol de Outono.
Apesar das noites frias, por todo o lado se vêm salpicos de
cor que pintam canteiros, pedaços de campo e bermas de caminhos – são florinhas
lindas que se apresentam na sua singela beleza, como se por engano cuidassem
ser este um sol de Primavera.
Sou admiradora apaixonada de toda a flora. Dou comigo muitas
vezes a pensar na força e tenacidade com que plantas minúsculas sobrevivem ao
clima - um mistério para mim, pois é um enorme contraste com a sua aparente
fragilidade.
Sabe bem respirar a calma e sentir o cheiro da terra – alguma
arada há pouco tempo. Poucos quilómetros separam esta zona do lugar onde
resido, mas é como se o tempo aqui se medisse de forma diferente.
A paragem está cheia, mas ninguém espera autocarro, pois são
poucos os que por aqui passam e nunca ao fim-de-semana.
São velhotes de bonés
que apanham sol e cavaqueiam entre sorrisos. Adivinho que o tema hoje são “os
visitantes” - pois um tem a coragem de me perguntar onde moro.
Uma senhora enrolada numa mantinha de lã observa-me
descaradamente, enquanto estranha a minha reportagem fotográfica daquele que
parece ser para eles o único símbolo do passado – uma azenha que conservam em
funcionamento e se destaca como monumento da aldeia. Por curiosidade pergunto a
importância que tem para ela aquela construção – sorri e diz-me que passa ali
todos os dias mas nem tinha reparado bem nela.
Do passado conservam também o nome: “Alto dos Tanoeiros” –
embora no lugar já ninguém viva desta arte.
Curiosa a vida e as lições que dela tiramos todos os dias:
- Há “coisas” (e… às vezes pessoas) em que deixamos de
reparar por nos habituarmos a elas.
- O tempo é relativo – mede mais ou mede menos, consoante a
idade e o lugar onde nos encontramos.
- A importância das coisas, depende sempre da forma como as olhamos e as sentimos.
- A importância das coisas, depende sempre da forma como as olhamos e as sentimos.
Benvinda
Neves
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