domingo, 8 de dezembro de 2013

Um dia diferente…



Um dia diferente…

Hoje o meu dia foi passado entre o campo e o mar.
Estamos quase no final do Outono, apenas quinze dias nos separam do Inverno, mas temos sido abençoados por dias lindos, especialmente luminosos, com céus maravilhosamente azuis.

Somos privilegiados por viver num pais de clima ameno e paisagens belíssimas, que nos contagiam de boa disposição.
Os campos estão “penteados” em carreiros mais ou menos “carecas”, consoante o que neles foi semeado. Em alguns despontam rebentos que brotam heroicamente da terra que gela durante a noite e se mostram vitoriosos ao lindo e ameno sol de Outono.

Apesar das noites frias, por todo o lado se vêm salpicos de cor que pintam canteiros, pedaços de campo e bermas de caminhos – são florinhas lindas que se apresentam na sua singela beleza, como se por engano cuidassem ser este um sol de Primavera.
Sou admiradora apaixonada de toda a flora. Dou comigo muitas vezes a pensar na força e tenacidade com que plantas minúsculas sobrevivem ao clima - um mistério para mim, pois é um enorme contraste com a sua aparente fragilidade.

Sabe bem respirar a calma e sentir o cheiro da terra – alguma arada há pouco tempo. Poucos quilómetros separam esta zona do lugar onde resido, mas é como se o tempo aqui se medisse de forma diferente.

A paragem está cheia, mas ninguém espera autocarro, pois são poucos os que por aqui passam e nunca ao fim-de-semana.
São velhotes de bonés que apanham sol e cavaqueiam entre sorrisos. Adivinho que o tema hoje são “os visitantes” - pois um tem a coragem de me perguntar onde moro.

Uma senhora enrolada numa mantinha de lã observa-me descaradamente, enquanto estranha a minha reportagem fotográfica daquele que parece ser para eles o único símbolo do passado – uma azenha que conservam em funcionamento e se destaca como monumento da aldeia. Por curiosidade pergunto a importância que tem para ela aquela construção – sorri e diz-me que passa ali todos os dias mas nem tinha reparado bem nela.

Do passado conservam também o nome: “Alto dos Tanoeiros” – embora no lugar já ninguém viva desta arte.

Curiosa a vida e as lições que dela tiramos todos os dias:

- Há “coisas” (e… às vezes pessoas) em que deixamos de reparar por nos habituarmos a elas.


- O tempo é relativo – mede mais ou mede menos, consoante a idade e o lugar onde nos encontramos. 

- A importância das coisas, depende sempre da forma como as olhamos e as sentimos. 


Benvinda Neves

Dezembro 2013





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