sábado, 28 de setembro de 2013

Desassossego…





Desassossego…

Vou no alvoroço do vento,
Porque há vezes em que não contenho o desassossego,
Que se liberta das amarras a que o condeno.

Crescem lentamente nuvens de tempestade,
Nas coisas que não arrumámos no tempo
E soltam-se em chuva repentina,
Nas noites em que a lua se esquece de iluminar.

Hoje se vires nascer fogo na noite,
Saberás que incendiei o mundo,
Porque não suporto noites sem luar.

Arde a solidão condenada pelo medo,
Queima o silêncio como réu que se atribuiu sentença,
Vaidade e orgulho de a si próprio não saber perdoar.

Triste a sombra que se abateu sobre a alegria de se ousar,
Sabe a sal o  perfumado mel,
Constrangem-se no peito as duvidas,
Diluem-se no tempo as lembranças.

Vou no alvoroço do vento…
Porque há noites em que não contenho o desassossego,
Que me incendeia a alma e me obriga a liberta-la.

Benvinda Neves
Setembro 2013

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