Elogiar é uma arte…
Ontem por volta
das 22h, sentei-me num comboio, cheio de gente barulhenta.
Já não viajava
de comboio à noite, há quase um ano.
Surpreende-me
sempre a quantidade de gente que viaja durante a noite e a intensidade de
barulho que invade um espaço tão pequeno, que vinha praticamente todo ocupado por
gente muito jovem.
Gosto de
observar pessoas e imaginar “quem é quem”. Assim "espraiei" os olhos pela
carruagem e observei quem viajava.
Três jovens de pé, magras como gazelas, em fuga por não terem bilhete. A adrenalina era do mesmo tamanho que a consciência, pois ouvi entre muitas “asneirolas” que nenhuma sabia o que acontece a “quem é apanhado pelo pica” sem bilhete – mas sabiam que era errado, pois as três cabeças espreitavam ansiosas entre gritinhos, pela porta em cada estação.
Três jovens de pé, magras como gazelas, em fuga por não terem bilhete. A adrenalina era do mesmo tamanho que a consciência, pois ouvi entre muitas “asneirolas” que nenhuma sabia o que acontece a “quem é apanhado pelo pica” sem bilhete – mas sabiam que era errado, pois as três cabeças espreitavam ansiosas entre gritinhos, pela porta em cada estação.
Havia um jovem
“ressacado” que não conseguia estar quieto e percorria sem cessar a carruagem
de uma ponta à outra a fazer barulhos com a garganta.
Também um casal
que se ausentou do mundo e tinham a certeza que eram os únicos na carruagem,
pois a ternura tinha proporções de estar em espaço intimo.
À minha frente,
virada para mim, uma jovem que regressava de viagem, transportava uma mala
enorme, que servia de mesa, onde colocou uma série de iguarias que comeu
durante todo o tempo que durou a minha viagem.
Atrás de mim um
casalinho africano que me reteve o olhar antes de me sentar, não só pela música
barulhenta e esganiçada, como pela indumentária de ambos, preparados para
festa, mas mesmo muito originais, sobretudo o rapaz que vestia casaca de aba de
grilo às riscas brancas e pretas, complementada por cartola.
Depois desta
observação geral, abri o meu manual de iniciação ao Reiki e tentei concentrar-me
na leitura.
Mas tenho uma capacidade inigualável de espalhar a minha atenção sobre dois temas e ouvi atrás a voz masculina dizer delicadamente :
Mas tenho uma capacidade inigualável de espalhar a minha atenção sobre dois temas e ouvi atrás a voz masculina dizer delicadamente :
“Mas tu tens
sempre tudo de errado para dizer, não sabes fazer um elogio?”
“Que é isso de
elogio?”
“Tu não sabes o
que é um elogio?”
“Não, nunca ouvi
essa palavra”
“É assim dizer
que gostas”…(E eu gostei desta forma simples de ensinar).
Hoje dei comigo
a pensar neste diálogo que “roubei” à intimidade de dois jovens, que deveriam
ter perto dos vinte anos e pensei que triste é chegar a adulto e não conhecer o
que é um elogio.
Tem decerto mais gente neste mundo que vive sem saber o que é um elogio – ora se não o sabe, é porque nunca o teve, nunca lhe foi ensinado.
Tem decerto mais gente neste mundo que vive sem saber o que é um elogio – ora se não o sabe, é porque nunca o teve, nunca lhe foi ensinado.
Até hoje sempre
tive consciência que uns elogiamos mais, outros menos, mas nunca pensei que alguém
o não fizesse por não saber o que é.
Conclui apenas
hoje, que
" elogiar
é uma arte que também se aprende e deve ser cultivada".
"
Benvinda Neves
05 Maio 2013
Um elogio é muito mais eficaz que milhares de repreensões... a auto estima das infantas confirma...
ResponderEliminarEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarnão tenho dúvida nenhuma Kimzote, ainda no sábado falei sobre isso. Faço questão de ser completamente ao contrário do que foi para nós. Tivemos uma educação demasiado severa, que nos punia publicamente ao menor erro - éramos vexados perante os amigos.
ResponderEliminarEm contrapartida o elogio era uma coisa rara - nunca éramos suficientemente bons. Eram outros tempos, bem sei e por isso relevo, mas é péssimo para a construção da auto-estima.Sinto que isso me afectou praticamente a vida toda - reconheço que ainda pesa muito no presente. Faço questão de elogiar muitas vezes.