História 2:
Tenho quatro ou cinco anos,
neste período moramos numa casinha rodeada de vegetação, nos arredores do Funchal. O pai é madeirense e vieram experimentar se a vida seria mais fácil na Ilha, que no Continente.
Não sei a razão porque fui com a mãe a uma quinta vedada por muros altos,
onde a mãe ficou a falar com uns senhores que eu nunca tinha visto.
Mandaram-me brincar no quintal - que fosse explorar o recinto.
Momentos depois o portão fechou-se e através das grades, vi a mãe afastar-se estrada fora.
Gritei...gritei...gritei por ela - mas continuava cada vez mais longe.
Nunca ficaria com uns estranhos e nunca deixaria a mãe abalar, sem fazer nada - desde sempre a minha personalidade teve "vontade-própria".
Trepei o portão enorme, que tencionava transpor - mas na pressa, os pés descalços escorregaram nos ferros molhados pela chuva e fiquei presa pelo pescoço numa das setas de ferro, como gado no matadouro.
Lembro-me de gente a gritar à minha volta - e depois não tenho memória de mais nada.
Muitos anos mais tarde, quando indaguei o pai, disse-me que desfaleci e que foram os bombeiros do Funchal que me trataram e "devolveram à vida".
Cinquenta e muitos anos passaram e ainda é bem visível a costura no pescoço - e estes "fragmentos" de memória.
Penso muitas vezes que se tivesse nascido "gato" - teria esgotado as sete vidas na infância.
Muitos adultos têm em mente que as crianças "não percebem" e que por isso não precisam de muitas explicações.
Sobretudo antigamente as respostas dos adultos eram "fazes assim, porque eu estou a dizer para fazer".
Moral da História:
Independentemente da idade, sexo ou religião, todos merecem ser tratados com respeito e dignidade.
Nunca devemos impor a nossa vontade ou opinião, pela força - sem dialogo e entendimento.
O dialogo evita situações de conflito e problemas graves que possam advir das nossas decisões.
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