Muitas vezes criamos
"relações afectivas com certos objectos"...
por alguma razão especial,
que não tem significado para os outros,
mas que tem para nós.
Tenho um abajur velho...
que pertencia a um candeeiro
que me ofereceu um amigo que já faleceu
e que uma visita, sem querer, me partiu.
Os cacos foram para o lixo,
mas o abajur velho,
manchado e amarelo do tempo,
tem estado há anos ali num canto,
porque nunca me consegui desfazer dele.
Eis que nestes dias de quarentena,
resolvi dar-lhe cara nova e o forrei em croché.
Não parece uma "obra-prima",
assim sem pé, pois vou ter que esperar
que o comercio reabra, para terminar,
mas garanto que vai ficar lindo.
Vou poder olhar para ele
e continuar a lembrar o amigo Tó
com um grande sorriso gaiato
de quem fez uma travessura:
"Toma, gamei-o para ti, é tão lindo,
é a tua cara".
Passaram uns trinta e tal anos...
maluqueiras da juventude,
essa idade em que
essa idade em que
"o mundo todo nos pertenceu".
Saudades de todos de quem já nos despedimos,
mas que continuam
com carinho no nosso coração.
Somos feitos de passado e presente.
Benvinda Neves
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