(imagem dos arquivos das Aldeias de Crianças SOS)
Dias tristes...
é sempre tão dificil lidarmos com a morte.
Escrever, é para mim
a melhor forma de libertar os sentimentos,
por isso aqui estou, a partilhar um bocadinho desta dor.
Ficaram célebres há 51 anos,
na Aldeia de Crianças SOS de Bicesse,
"os gémeos."
Primeiro porque a minha mãe faleceu de parto
e eles foram as crianças mais pequenas que entraram na Aldeia,
tinham apenas 15 dias - durante muitos anos eram os "bebés".
Mais tarde, mais conhecidos ficaram pelas suas tropelias,
sempre em conjunto.
Há dois dias o Mário Jorge, teve um AVC
e não foi médica-mente possível salva-lo.
Tive tanta esperança no primeiro dia,
mas ontem todos os seus órgãos estavam vivos,
menos o cérebro.
Tão triste e tão estranho termos que nos despedir,
quando a médica nos disse que estava medicamente morto
e nós o sentíamos quente e com o coração a bater.
Hoje alguns dos seus órgãos irão salvar outras vidas.
O Jó será sempre o bebé a quem mudei as fraldas,
a quem dei banho, papa, colo e sequei muitas lágrimas.
O adolescente que ouvi sempre que se desiludiu
e o adulto com quem partilhei muitos momentos
e que apesar de nos desentendermos
e termos tido anos de casmurrice,
não deixou de trazer a mulher com o filho à minha porta,
para não os privar da minha companhia.
Somos assim nós humanos,
complicados na forma de gerirmos os sentimentos,
mas impossível não amarmos
sangue do nosso sangue.
Se fosse possível, daria a minha vida em troca,
por qualquer um dos meus irmãos.
O meu irmão Jó partiu
e no meio da dor, como crente,
acredito que Deus receberá o seu espírito
e que um dia todos nos reencontraremos.
Talvez a minha mãe tenha finalmente
abraçado o seu menino e o tenha conduzido ao Pai.
Aos amigos crentes,
peço uma oração.
Benvinda Neves
Abraço!
ResponderEliminarAbracinho, Armando.
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