Estava a olhar para estes gatinhos de rua,
que encontrei a saborearem o sol
da manhã fresquinha de Outono
e a perguntar a mim mesma:
"Será que somos assim tão diferentes
de todos os outros bichinhos"?
São nove ao todo e ali estão molengando
à porta de um estabelecimento comercial.
Algumas pessoas que entram
tentam fazer-lhe festas, mas eles esquivam-se
e voltam passivamente para o seu lugar ao sol.
Estou a fazer analogia com um grupo de
sem abrigo que encontrei ontem,
logo pela manhã à porta de uma cafetaria.
Conheço um dos homens que faz parte deste grupo,
viveu como eu na Aldeia de Crianças SOS,
teve educação igual à minha
e quando saiu, tinha a escolaridade obrigatória
e um emprego fixo, onde gostavam do trabalho dele.
Mas decidiu que queria antes ter vida errante,
largou casa e emprego e mudou-se para as ruas.
Continua a falar-me com a delicadeza de sempre
"olá Benvinda, estás bem?"
e sei por um amigo comum
que diz ser feliz assim, porque se sente preso
se estiver dentro de uma casa.
Há cerca de três anos foi internado de urgência
fez uma cirurgia, creio que ao intestino,
e fugiu do hospital assim que conseguiu andar,
pois queria a sua liberdade.
Acredito que a maioria dos sem abrigo
o são por circunstancias várias da vida
e não por vontade própria.
Mas há também alguns que o serão
porque o seu espírito é como o dos
"Gatos de Rua"...
São felizes com os raios de sol
e amam acima de tudo a Liberdade
de não terem nada que os prenda.
Nem sempre sabemos aceitar quem é diferente
e foge aos padrões que estipulamos como normais.
Da mesma forma que não sabemos respeitar
a liberdade dos animais,
porque achamos que por sermos humanos
temos direitos sobre toda a natureza.
Não quero dizer que não temos o dever de ajudar quem precisa,
mas que num mundo mais justo
"a porta ficaria aberta"
e os "gatos de rua" nunca teriam fome,
nem perderiam a sua liberdade.
Sou a favor das cantinas sociais,
dos centros de distribuição de alimentos e roupas,
e da ajuda social - só não concordo
que só nos lembremos disso no Natal.
Infelizmente é normalmente quem mais tem
e mais estraga e desperdiça
que é menos solidário.
Nem sempre sabemos aceitar quem é diferente
e foge aos padrões que estipulamos como normais.
Da mesma forma que não sabemos respeitar
a liberdade dos animais,
porque achamos que por sermos humanos
temos direitos sobre toda a natureza.
Não quero dizer que não temos o dever de ajudar quem precisa,
mas que num mundo mais justo
"a porta ficaria aberta"
e os "gatos de rua" nunca teriam fome,
nem perderiam a sua liberdade.
Sou a favor das cantinas sociais,
dos centros de distribuição de alimentos e roupas,
e da ajuda social - só não concordo
que só nos lembremos disso no Natal.
Infelizmente é normalmente quem mais tem
e mais estraga e desperdiça
que é menos solidário.
Benvinda
Neves
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