(O Totem - o rosto simboliza as origens tribais dos habitantes do Bairro,
o urso a força e o mocho a inteligência)
Nos últimos sábados de cada mês
a "Casa da Cultura de Sacavém",
em Loures, promove visitas gratuitas
à que é considerada a maior galeria de Arte Urbana,
a céu aberto, da Europa:
"Bairro da Quinta do Mocho"...
São 67 obras de arte,
com uma qualidade excelente,
que abordam temas como a escravatura,
a colonização e a descolonização, a mente, as desigualdades,
os estigmas sociais, a infância e a integração social.
A visita começa com uma introdução
da Vereadora da Câmara Municipal,
responsável pelo pelouro da Habitação,
que explica que este Bairro Social,
teve origem no realojamento de pessoas
provenientes das ex-colónias - Angola, Moçambique,
Cabo Verde e Guiné, que viviam precariamente
em casas inacabadas que tinham ocupado clandestinamente
quando vieram para o país, após o 25 de Abril de 1974.
O realojamento não foi acompanhado
e o desemprego, a precariedade
e a desintegração social
fizeram do Bairro um lugar temido e indesejado,
devido à onda de crimes.
De tal forma que as crianças eram escoltadas
por policia de intervenção
para irem à escola e voltar para casa
e não havia transportes públicos,
porque todos se recusavam por medo a entrar no bairro.
A Câmara Municipal decidiu intervir,
com a participação, auscultação e intervenção
dos moradores.
Estas visitas guiadas,
levam-nos de rua em rua,
a percorrer todos os cantos do bairro,
sendo os visitantes convidados a entrar nos cafés,
nas vendas de rua ou nos restaurantes se desejarem
experimentar as iguarias da gastronomia Africana.
Devo dizer, que como faço sempre,
não me cingi a estar em grupo
e percorri todo o Bairro sem constrangimento nenhum,
sendo recebida com a habitual amabilidade
e simpatia das gentes de África.
Gente simples - de sorriso fácil,
são assim na sua grande maioria,
que mantém orgulhosamente as suas origens.
Estas minhas linhas, não são para mostrar a galeria,
mas para deixar uma mensagem de agradecimento
a quem tão amavelmente nos recebeu
e dizer-lhes o que digo sempre para mim mesma:
"Para saber quem Somos,
Nunca devemos esquecer quem fomos".
Não tem mal nascer pobre,
pois ninguém escolhe onde nasce.
Não ter orgulho e ter vergonha de dizer quem somos,
isso sim é errado.
Se não gostamos de nós - temos obrigação de mudar.
Todos os Sonhos são possíveis...
Benvinda Neves
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