terça-feira, 18 de março de 2014

Solidão …




Solidão …

Nas minhas muitas voltas, por aí…
sem destino, como tanto gosto,
encontro várias pessoas que como eu,
apreciam em alguns momentos estar sós.
Isso levou-me hoje a divagar sobre a palavra “solidão”.

Somos seres socáveis,
gostamos de companhia,
embora uns mais outros menos,
depende das personalidades
e das “pancadas” da vida.

Conheço pessoas
que são incapazes de estar sem companhia
e outras para quem é quase castigo
ter que conviver e partilhar espaço.

Tenho facilidade em fazer amigos
e manter as boas amizades. 
Gosto de convívios, de dançar
e sobretudo de conversar e gargalhar à volta de uma mesa cheia.
Mas há alturas em que preciso e sinto urgência
na solidão – como se ela fosse uma terapia
essencial ao meu equilíbrio.

Apenas quando estou só
consigo ir ao mais fundo do meu ser, 
sem me dispersar.
É um mergulhar na serenidade
e na tomada de consciência. 

Talvez a curva descendente da vida
nos leve ao labirinto da contemplação
e nos mostre a nossa pequenez.
Torna-nos também mais complacentes,
pois ficamos mais tolerantes connosco e com os outros.

Mas a solidão nem sempre é estar só 
e quem está só nem sempre sofre de solidão.

A solidão que mais dói é a da indiferença,
aquela a que outros assistem sem que a partilhem.
O mundo está cheio de pessoas solitárias,
que coabitam e se deitam todos os dias na mesma cama.

É difícil descrever a solidão,
porque é um estado de alma
que se ama às vezes e se odeia outras.
Mas ela cria habituação.

Quando a odiamos, 
é porque a deixámos crescer
como uma semente infestante
que geminou e invadiu o nosso lar.

Quando a amamos,
é porque é porque a sabemos controlar,
e não deixamos que cresça e se apodere de nós.

A solidão é boa, quando não é absoluta,
mas sim momentos da nossa vida.

Quando a solidão
é o que resta da vida de alguém - é triste como a morte.

Essa é a única solidão que receio.


Benvinda Neves
Março 2014


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