A minha Janela...
Tenho uma
janela que me pertence
E à qual pertenço em certos dias.
E à qual pertenço em certos dias.
Sou rainha neste
castelo de vidro,
De onde avisto e sinto o mundo,
De onde avisto e sinto o mundo,
Sem que o mundo
me veja ou saiba que existo.
Do meu castelo
aprecio todo o meu reino,
Vejo-o florir em
cada Primavera,
Enchendo de
perfume
E cor a linha de visão mais perto do meu coração.
E cor a linha de visão mais perto do meu coração.
Vejo a terra
castanha em cada Outono,
O chão coberto de caruma seca,
O chão coberto de caruma seca,
Ou sinto o
cheiro adocicado da rezina,
Que diz ter
sido quente mais um Verão.
Sinto ainda o
cheiro bom
Que se solta da terra,
Quando caiem as primeiras chuvas
Quando caiem as primeiras chuvas
E vejo o entristecer da natureza,
Quando o Inverno não tem fim.
Quando o Inverno não tem fim.
Avisto o cume
cinzento da serra,
Limpo ou
coberto de nuvens,
Que anunciam vento.
Que anunciam vento.
Oiço o correr
rápido da ribeira,
Quando a chuva foi abundante,
Quando a chuva foi abundante,
Ou esqueço que
ela existe,
Quando se cala, pois não consigo avistá-la.
Quando se cala, pois não consigo avistá-la.
Sou brindada
com céus de mil cores
Que me trazem sonhos,
Que me trazem sonhos,
Esperança ou sorrisos.
Adivinho telas
nas formas das nuvens,
Que se desfazem
em vénias,
Como que, para me agradar.
Como que, para me agradar.
Tenho um sol,
Que se despede soberbo em cada dia,
Que se despede soberbo em cada dia,
Baixando sorridente
sobre o horizonte,
Prometendo
Espectáculo maior para o dia seguinte.
Espectáculo maior para o dia seguinte.
Tenho o bailado
das andorinhas
Com a sinfonia das cigarras e dos pássaros.
Desta janela…
Vi nascer
labaredas que lamberam todo o vale
E assisti à invasão,
Que fez diminuir
A mancha verde dos pinheiros ao longo dos anos.
A mancha verde dos pinheiros ao longo dos anos.
Daqui do meu
castelo de vidro,
Aprecio e amo
Todo o reino que me pertence
Todo o reino que me pertence
Mas recuso-me a
olhar o invasor.
Benvinda Neves
Abril 2013
Sempre gostei de algumas janelas.... umas mais que outras... e muito poucas que me deixam recordações intemporais.... esta é uma delas....
ResponderEliminaramigo,neste momento tens saudades de qualquer janela que fique neste nosso pequeno país. Imagino que se pudesses espreitar hoje pela "tua janela", espreitarias com um grande sorriso as princesas do teu reino.
ResponderEliminarBeijinhos, com muito carinho "Jacão" (como te tratava mal na adolescência...nem sei quando acabou essa fase...)