sexta-feira, 28 de julho de 2023

Jornadas da Juventude...

Opinião...

Tive uma querida amiga, de quem tenho muitas saudades,

que me dizia que a frase que melhor me definia era:

"Preferes perder um amigo, 

que perder a oportunidade de dizeres o que pensas".

Na euforia do presente em que o país ficou histérico

com as Jornadas da Juventude

vou fazer jus à descrição dessa falecida amiga 

e dizer que não comungo de onda coletiva.

Nada contra a vinda do Papa a Lisboa,

nada contra a vinda da juventude, 

 nada contra os milhares de peregrinos que se esperam.

O que me choca é a mistura entre Estado e Igreja 

e os políticos decidirem que o Estado tem obrigação de pagar

um evento gigantesco da vontade da Igreja,

mas custeado e organizado pelas autarquias.

Os custos milionários nem sequer são os apresentados,

porque não é mencionado nesse orçamento

os meses que centenas de funcionários trabalharam para o evento.

Somos um país onde a maioria dos reformados,

com mais de quarenta anos de descontos, 

ganham reformas abaixo do ordenado mínimo,

morrem sem cuidados médicos, porque têm que optar

entre comer ou comprar medicação, vivem em casas velhas sem aquecimentos,

os jovens  formados são obrigados a emigrar para terem ordenados decentes,

 ou vivem com os pais eternamente

e depois vergonhosamente são esbanjados milhões 

para satisfazer uma semana de orgulho e  vaidade de alguns.

Isto nada tem a ver com fé e cristianismo.

Fé é cada velho deste país acreditar  que amanhã ainda vai ter pão para comer

e que não vai precisar de médico, porque sabe que não o vai ter.

Fé são os jovens deste país acreditarem 

que vão ter salário decente no final dos seus cursos 

e vão poder ter as suas casa e constituírem família.

Cristianismo era gastarem todos esses milhões na luta contra a pobreza,

e no desenvolvimento de um país que continua na cauda da Europa.

Cristianismo era esses milhões servirem para salvar vidas 

de tantos emigrantes que fogem da guerra.

Tenho Fé - acredito em Deus

e faço por ser boa cristã no meu dia a dia.

A época medieval e a idade média há muito que se foram, 

vivemos num Estado laico e democrata, 

tem que haver separação de poderes.

Se fosse o encontro com um líder de outra religião, democraticamente,

também haveria tanto empenho dos políticos e autarquias?

É também tristemente um jogo de poder, 

até os agnósticos aproveitam para se promoverem politicamente,

porque a onda coletivo assim o permite.

Aos Jovens, que não estão incluídos nesta minha critica,

desejo que se sintam iluminados pela fé que os trás,

 felizes de viajar e conviver com tantos outros,

que como eles têm um mundo de sonhos e uma vida inteira para os viver.

Já a Igreja - não deveria fazer da religião ostentação,

não foram esses os ensinamentos de Cristo.

Deveria sim pensar em reformas profundas.

Benvinda Neves

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