Sentada no comboio,
do lado esquerdo, vejo entrar o cego de bengala,
tateando até se acomodar.
Do lado direito pela janela,
o vermelhão, o anilado e o amarelado,
com que a força do dia rompe a noite.
Não posso deixar de refletir
"Quem seria eu se não visse as madrugadas?"...
Como poderia viver, se meus olhos não me trouxessem
todo o brilho e esplendor do mundo
e tivesse que aprender a viver na escuridão?
Será que encontraria "luz" dentro de mim?
Voltei a olhar uma e outra vez, despudoradamente,
aquele homem, sentado direito,
com uma postura que aparentava confiança.
Tive a certeza que o seu espirito é muito mais forte que o meu
e o seu mundo interior mais rico,
para encontrar dentro de si,
tudo o que procuro fora de mim.
Nunca saberemos agradecer o suficiente o que temos como garantido,
ou lembrarmos que são bênçãos
que outros tanto desejariam.
Benvinda Neves
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