Mãe (poucos dias antes de falecer) e Tia Mariana
As "Estrelinhas " da minha mão...
outras há para quem tudo é dificil.
Pertenço ao grupo das ultimas...
"se tem que acontecer"- há-de acontecer,
mas não antes de superar os obstáculos mais imprevisíveis
e as peripécias mais insólitas.
De tal forma que tenho amigas que me dizem:
"O que não acontece com mais ninguém - acontece contigo."
Este inicio de ano tem sido particularmente "rico"
em dificuldades e problemas.
Assim que supero uma "barreira"...
surge logo outra... e outra...
como um teste ao limite físico e à paciência.
Por essa razão, hoje (como tantas vezes)
veio-me à memória a tia Mariana.
A tia Mariana está guardada com carinho
dentro do meu coração.
Tia da minha mãe - esteve sempre perto,
como se fosse ela a sua progenitora.
Era uma pessoa independente, com uma personalidade forte,
que acreditava profundamente nas forças do bem e do mal.
Ligada ao oculto, tinha rezas estranhas
e sentia ter poderes especiais.
Entre as muitas "histórias" que povoaram a minha infância,
lembro-me dos olhos profundamente tristes
e das palavras amarguradas,
quando aos cinco anos me virou a mão para ler as linhas.
"Oh minha querida... tanto que vais sofrer.
Nem uma estrela - a tua mãe vai proteger-te...
A tua ajuda são algumas protecções que aqui tens"...
Um ano depois a mãe partiu, fomos institucionalizados
e até ao momento em que a doença lhe roubou o andar,
a velhinha tia Mariana,
era a única visita mais ao menos assídua que tínhamos.
Se as linhas ou a intuição lhe revelaram
que a mãe partia tão cedo - nunca o disse...
Tantas vezes pensamos que as crianças não ligam às palavras,
mas cinquenta anos depois, nos momentos mais difíceis
o meu pensamento vai para a Mãe e a tia Mariana
que são as "estrelinhas" que não nasceram na minha mão.
Não que eu dê importância às linhas das mãos,
mas mais perto de Deus...
são de certeza a minha protecção.
Benvinda Neves
Sem comentários:
Enviar um comentário