Calor de Trovoada…
Sinto-me como o tempo,
Quente e abafado neste calor de trovoada,
Num chove e não molha de chuvinha
molha-tolos,
Que cansa o corpo com pouco esforço,
E espapaça a alma em suor.
É um veste-despe de corpo insatisfeito,
Que quente deseja estar fresco
E fresco anseia estar quente.
Por todos os poros a pele escorre,
E com ela se lavam pensamentos incautos,
Contrariando toda a restante inercia.
Tudo fervilha cá dentro, prestes a transbordar
E é no tempo que se revela,
Em meadas de neblina que envolvem a terra
De Indefinidos sentimentos,
Num emaranhado impossível de dobar.
Lamenta-se a dor mais pelo habito que pelo sentir,
E arrastam-se saudades nos labirínticos caminhos do desejo,
Alojadas no tempo,
Como teias construídas entre dois ramos,
Soltas apenas quando as árvores crescerem.
Mas o tempo…
Será sempre medido pelo presente
E hoje é um veste-despe de calor abafado,
Que me sufoca.
Benvinda Neves
11 Junho 2013
Sem comentários:
Enviar um comentário