Esta minha alma nómada...
Esta minha alma
Nómada.
Falta-me a
inspiração…
Morreu-me a “veia”
e não sei que dizer…
Mas sei que quero
escrever e confessar em segredo,
Aquilo que ninguém
escuta, mesmo quando falo.
Parece que tudo
disse ou outros o disseram por mim
E contudo sinto que
nada disse ou se o disse, ninguém ouviu.
Tenho a alma cheia
e uma vida preenchida de vazio,
Que me deixa naufraga no vai e vem da maré.
A onda me leva a
onda me trás
E nesta constante
subida e descida
Estonteio por
encontrar terra que me aceite e me deixe descansar.
Já vi costas
verdejantes, com cores de luxuria, uma dádiva para a vista,
Cheias de
promessas de vida,
Que mais não foram
que ilusões.
Já vi costas
desertas, de oásis salpicadas, onde os ventos eram doces,
Com chamamentos
quentes,
Que mais não foram
que desenganos.
Foram costas e
mais costas avistadas do mar alto.
Umas visitei
outras só avistei,
Sempre levada pelas marés.
Já fui frágil e
invisível, tinha a leveza e a beleza da seda
E a aragem me
soprava sobre a espuma das ondas.
Mas nenhum ser se
mistura com a terra sem que ela o envolva.
Trago em mim,
bocados de todos os sítios por onde andei.
Das costas
verdejantes trouxe a luxuria das cores,
Que me devolvem o
sentimento e me dão a eterna vontade de sonhar.
Das costas
desertas trouxe o vento quente,
Que me tempera neste
mar imenso em que me desloco.
De todos os outros
lugares trouxe o que a mim se agarrou.
Adquiri peso e
robustez, já não viajo com a aragem sobre a espuma,
Mas à tona sobre
as ondas, com a força das marés.
Continuo a ser frágil,
mas os outros não o sabem.
Deixei de ser invisível,
porque tudo o que trouxe me deu volume.
Já não me comparo
à seda,
E muitos são os
que apreciam esta minha nova beleza.
É a minha alma
nómada ou o instinto de sobreviver,
Que a toda a hora
dita:
Flutuar…flutuar…
Navegar…navegar…navegar
até morrer,
Que esta minha
alma e vida cheias e ao mesmo tempo tão vazias,
Têm sede de novas
terras visitar,
Novas coisas aprender,
novas experiências viver,
Novos fragmentos
agarrar
Maior robustez
adquirir
E em cada porto
continuar sempre a crescer.
07 de Junho de 2012
Benvinda Neves
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