sexta-feira, 30 de setembro de 2022

A "Indiferença"...


Hoje de manhã, no comboio, uma criança com cerca de 5 anos,

encostava a cabecita na mãe, que estava obcecada com o telemóvel.

O menino abraçou o braço, que ela sacudiu, com um olhar fulminante.

Uns minutos depois ele ajoelhou-se no banco, 

abraçou-a, beijou-a encostou o rosto ao dela 

e fez-lhe festas, enquanto ela o sacudiu

e o voltou a colocar no lugar com olhos ameaçadores.

Continuou absorta a teclar, enquanto a criança resignada

se voltou a sentar, com a cabecita encostada a ela.

Umas paragens à frente, vi-a guardar o telefone

e tive esperança que pelo menos afagasse a cabecita do menino.

Mas não... ajeitou a blusa e saiu empertigada, em direção à porta,

sem se preocupar se a criança a seguia ou não

e sem o ajudar a sair, sabendo todos nós 

o intervalo grande que existe entre as plataformas e as carruagens.

A "Indiferença"...

é um dos comportamentos que mais me perturba.

Mas há indiferença e indiferença, ou seja relativizamos

 e até achamos admissível em algumas situações, 

mas noutras é chocante e causa revolta.

Quem resiste ao Amor de uma criança?

Nem uma palavra ou um queixume saiu da boca do menino,

apenas a sua suplica silenciosa, por um pouco de carinho.

Só um coração empedernido reage com toda esta indiferença.

Há gente que não compreendo 

porque têm filhos.

Mundo triste onde a indiferença e a negligencia 

são o dia a dia de tantas crianças.


Benvinda Neves

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