Quando o mar se veste de cinza…
Adoro
admirar o mar…
E perder-me
na sua infinita contemplação.
Mas há
dias em que me acorda o “silêncio”
E me
sacode a alma numa desnecessária violência
Como
se a implodisse e abafasse nos seus próprios escombros.
Por vezes
o silêncio tem o barulho destas vagas enormes
Que se
suicidam contra as rochas, em revolta,
Como
se tanta água fosse demais para um só mar.
É um
louco a rugir em protestos,
Que são
como trovões no meio da noite,
Cujos
ecos se propagam em sons de desespero.
Só a
areia e as rochas testemunham.
Mas a
areia dorme,
Na placitude
do seu corpo sem vida
Que se
arrasta no vai-e-vem da maré ou no
forte sopro do vento.
É a sua
sina de corpo sem alma.
E as
rochas...
Resistem sem sentimentos.
Resistem sem sentimentos.
Fico
triste quando o mar se veste de cinza,
Não gosto
de o ver chorar.
Benvinda Neves
Janeiro 2014
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