sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Quando o mar se veste de cinza…




Quando o mar se veste de cinza…

Adoro admirar o mar…
E perder-me na sua infinita contemplação.

Mas há dias em que me acorda o “silêncio”
E me sacode a alma numa desnecessária violência
Como se a implodisse e abafasse nos seus próprios escombros.

Por vezes o silêncio tem o barulho destas vagas enormes
Que se suicidam contra as rochas, em revolta,
Como se tanta água fosse demais para um só mar.

É um louco a rugir em protestos,
Que são como trovões no meio da noite,
Cujos ecos se propagam em sons de desespero.

Só a areia e as rochas testemunham.

Mas a areia dorme,
Na placitude do seu corpo sem vida
Que se arrasta no vai-e-vem da maré ou no forte sopro do vento.
É a sua sina de corpo sem alma.
E as rochas...
Resistem sem sentimentos.

Fico triste quando o mar se veste de cinza,
Não gosto de o ver chorar.

Benvinda Neves
Janeiro 2014


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