quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Voo e "Restolho" como os Pássaros...

















Voo e "restolho" como os pássaros...


Pensas que me conheces, 
mas nem sabes que voo e restolho como os pássaros.
Perco-me por vezes, pelo simples facto, que o céu é imenso 
e as nuvens nem sempre me indicam a direcção.

Porque gosto de me surpreender,
às vezes sigo o vento.
O vento é tão doido quanto eu,
que vou na sua pressa desenfreada de chegar,
na consciente despreocupação com o destino.

Rodopios, remoinhos e correria,
estão presentes na mente de quem assume viajar com ele.
Tanta surpresa, acorda a minha parte "insana",
rouba-me o fôlego,
por me despertar sentimentos desmedidos e contraditórios,
que me elegem deusa num dia e criatura invisível no outro.

Por vezes louca de dor, prometo não voltar a seguir o vento,
mas quando passa e assobia,
não resisto ao desafio de mais uma correria.

Quando dorida,
deixo-me flutuar na brisa amena e suave, que envolve os dias azuis.
Parece que adormeço na ténue segurança que me embala,
e é como pairar sobre o mundo, sem chegar a tocar-lhe.

Lá do alto tudo parece lindo e apetecível,
mas o torpor em que mergulha uma alma abalada,
rouba-me a vontade de experimentar.
De cima, só se assiste à vida,
tudo se vê e todos nos vêm,
mas tão longe é,
que não há som, não há cheiro, não há sabor.
Ninguém nos toca,
por ser tão grande a distância.


Quando cansada,
escolho uma árvore frondosa,
e lá me aninho e restolho,
 como todos os pássaros.

Quase sucumbi algumas vezes,
pois prefiro morrer de fadiga
que escolher uma árvore Nua.

Mas as árvores também enganam,
muitas perdem as folhas quando chega o Inverno.

Não sei diferenciar as de folha persistente.


Benvinda Neves
Janeiro 2013

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