Voo e "restolho" como os pássaros...
Pensas que me
conheces,
mas nem sabes que voo e
restolho como os pássaros.
Perco-me por vezes,
pelo simples facto, que o céu é imenso
e as nuvens nem sempre
me indicam a direcção.
Porque gosto de me
surpreender,
às vezes sigo o vento.
O vento é tão doido
quanto eu,
que vou na sua pressa
desenfreada de chegar,
na consciente despreocupação
com o destino.
Rodopios, remoinhos e
correria,
estão presentes na
mente de quem assume viajar com ele.
Tanta surpresa,
acorda a minha parte "insana",
rouba-me o fôlego,
por me despertar
sentimentos desmedidos e contraditórios,
que me elegem deusa num
dia e criatura invisível no outro.
Por vezes louca de dor,
prometo não voltar a seguir o vento,
mas quando passa e
assobia,
não resisto ao desafio
de mais uma correria.
Quando dorida,
deixo-me flutuar na
brisa amena e suave, que envolve os dias azuis.
Parece que adormeço na
ténue segurança que me embala,
e é como pairar sobre o
mundo, sem chegar a tocar-lhe.
Lá do alto tudo parece
lindo e apetecível,
mas o torpor em que
mergulha uma alma abalada,
rouba-me a vontade de
experimentar.
De cima, só se assiste
à vida,
tudo se vê e todos nos
vêm,
mas tão longe é,
que não há som, não há
cheiro, não há sabor.
Ninguém nos toca,
por ser tão grande a
distância.
Quando cansada,
escolho uma árvore
frondosa,
e lá me aninho e
restolho,
como todos os pássaros.
como todos os pássaros.
Quase sucumbi algumas
vezes,
pois prefiro morrer de
fadiga
que escolher uma árvore
Nua.
Mas as árvores também
enganam,
muitas perdem as folhas
quando chega o Inverno.
Não sei diferenciar as
de folha persistente.
Benvinda Neves
Janeiro 2013
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