segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

"Quem seria eu se não visse as madrugadas?"...

 



Sentada no comboio, 

do lado esquerdo, vejo entrar o cego de bengala, 

tateando até se acomodar.

Do lado direito pela janela,

 o vermelhão, o anilado e o amarelado,

com que a força do dia rompe a noite.

Não posso deixar de refletir 

"Quem seria eu se não visse as madrugadas?"...

Como poderia viver, se meus olhos não me trouxessem

todo o brilho e esplendor do mundo

e tivesse que aprender a viver na escuridão?

Será que encontraria "luz" dentro de mim?

Voltei a olhar uma e outra vez, despudoradamente,

aquele homem, sentado direito, 

com uma postura que aparentava confiança.

Tive a certeza que o seu espirito é muito mais forte que o meu

e o seu mundo interior mais rico,

para encontrar dentro de si, 

tudo o que procuro fora de mim.

Nunca saberemos agradecer o suficiente o que temos como garantido,

ou lembrarmos que são bênçãos

que outros tanto desejariam. 


Benvinda Neves


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