sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Crescer sem pais...


"Crescer sem pais"...
o tema de uma reportagem 
Crescer sem pais...

É crescer mais depressa 
e sentir-se muitas vezes adulto em corpo de criança.

Quando aos seis anos nos morre a mãe a família desmembra-se.
Por sermos pobres e muitos filhos, 
o pai consciente da sua incapacidade de nos criar,
coloca-nos num orfanato. Meses depois muda-nos para as Aldeias SOS.

A primeira coisa que sentimos é que o mundo ruiu.

Passamos da fase confusa para a de choque e culpabilidade:
"Não vou mesmo voltar para casa! Que fiz de errado?"
Só o tempo trás muito lentamente a aceitação.

Perder os "pais" é perder os nossos grandes Heróis,
é perder a segurança, não saber onde pertencemos
e descobrir que já não temos colo para nos atirarmos,
nem pés sobre os quais aprender a dançar.
É uma dor imensa.

Não quero ouvir,
(como oiço tantas vezes), 
que crianças não entendem nem têm memórias.

Crescer sem pais é desenvolver um sentido extra
de protecção aos nossos.
É querer ser amado e igual a todas as crianças
e ter consciência desde muito cedo
que muitas vezes dependemos unicamente de nós próprios.

Mesmo que outros nos cuidem e amem,
crescemos como trapezistas sem rede.
Sabemos que não podemos falhar.
Não há ajuda para montar casa,
avós se tivermos crianças,
nem suporte financeiro se algo falhar.

Crescemos fortes em personalidade
e encontramos muitas vezes nos Amigos próximos
o conforto da família.

Mas tenho consciência que se tivesse sido 
criada pelos pais a pobreza era tão grande
que dificilmente seria quem sou.
Não teria da mesma forma a "rede de suporte"
que têm a generalidade das famílias.


Benvinda Neves








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